Editorial
O «Choque Catalão» ou a «Hora» do Advento das «Euro-Regiões» e do fim do «Estado-Nação»?
RES - PUBLICA
Revista Lusófona de Ciência Política e Relações Internacionais
2007, 5/6
p. 5
Conforme as perspectivas e até os fantasmas do passado e do futuro, uns preferirão falar dramaticamente de «choques», outros esperançadamente de «Horas» («Horas» não simplesmente cronológicas, mas «horas cairológicas» ou «horas historicamente certas»):«Choque ou Hora da União Europeia»,«Choque
ou Hora da Lusofonia», «Choque ou Hora do Mercosul», «Choque ou Hora da Ibero-América», «Choque
ou Hora da Catalunha», «Choque ou Hora do Norte de Portugal e do Noroeste Peninsular», «Choque ou Hora da Globalização»... O que foi designado por «Choque Catalão» ou o reconhecimento, no âmbito
do
«Estado-Nação Espanhol», do «Estatuto da Catalunha como Nação» poderá e deverá servir, não obstante a evidente ambiguidade terminológica, de «sinal semiótico» ou de «analisador-revelador» e constitui «facto político» relevante para uma discussão, a nível da Ciência Política e das Relações Internacionais,
de outros «Choques» ou «Horas» prévias, concomitantes ou consequentes, que já começaram a abalar,
ou em breve mas inexoravelmente abalarão, o mundo luso, lusófono, europeu, ibérico, ibero-americano, mundial? E se, por exemplo, viéssemos a descobrir que se trata, simplesmente, de uma consequência
do «Choque Europeu» ou da «Hora Europeia», que, também por exemplo, mais tarde ou mais cedo (segundo muitos, quanto mais cedo melhor), chegará ao conjunto do «Noroeste Peninsular» e até, quem sabe,
ao «Norte de Portugal», onde, aliás, desde há muito se proclama que « o Porto é uma Nação »? Uma tribuna como a revista Res-Publica , que surgiu na sequência da 1ª licenciatura de Ciência Política criada nas universidades portuguesas, não poderia alhear-se de uma problemática estranha a uma certa classe política lisboeta, enredada nas suas provincianas guerras do alecrim e manjerona de um tempo que já existe
só ilusória e retrospectivamente e parece constituir a tribuna certa para a discussão de uma realidade que avançará, connosco ou sem nós, mas de que, obviamente, para todos, seria melhor que não estivéssemos ausentes.
Fernando dos Santos Neves,
Reitor da Universidade Lusófona e director da Res-publica – Revista Lusófona de Ciência Política
e Relações Internacionais

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